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O Exercício do Caos, Frederico Machado

Atualizado: 1 de abr.

O drama O exercício do caos, estreia em longa-metragem do produtor, roteirista e diretor Frederico Machado, pertence a uma linhagem de filmes cujas buscas narrativas não se resumem a contar uma história, têm mais a ver com a proposição de uma elaboração

audiovisual orgânica, que fale sem o verbo. A voz humana rareia nesta abordagem sobre um pai matuto, vivido pelo ator Auro Juriciê, que mora recluso com suas três filhas, encarnadas pelas garotas Thalyta Sousa, Isabella Sousa e Thayná Sousa. Em tempo

presente a mãe não está mais ali, aparece somente nas lembranças (Elza Gonçalves). A trama se organiza em blocos, batizados de Exercício, Limbo e Caos. Neles, as lentes atentas se dedicam muito aos personagens, revelando olhares, pequenos gestos, capturando a

mecânica de seus corpos no mundo.


Não é que a encenação aposte na dilatação das ações, mas sim numa construção de tempo, que respeita o respiro dos personagens, arrastando o espectador para perto deles. Tanto assim que o estofo da psicologia de personagem se estabelece aqui pela insistência em olhar.



O que se vê é um núcleo familiar incompleto, assombrado pelo fantasma de quem se foi e, depois, pelo espectro de um capataz (Di Ramalho), que ronda o espaço sagrado do lar,

exercendo sobre o pai uma autoridade que, às vezes, amedronta, noutras simplesmente sufoca.


As grandes ameaças, entretanto, não estão exatamente do lado de fora, mas na própria clausura dos personagens. São eles entes fragilizados pela sisudez do patriarca e pela labuta física incessante do campo, mas também por suas próprias questões

íntimas, suas carências e sua espera por mudanças. Expostos à convivência e sua dinâmica de engrenagem de moenda, só resta o torpor de se deixar triturar ou a fuga pela mata

do inconsciente, com todos os estímulos visuais e sons, que Frederico Machado vai tecendo com sabedoria.


O rigor da construção cênica, suas opções de enquadramento, de ambientação sonora (e trilha), soma-se a uma montagem que favorece a contemplação, criando um sólido

amálgama para esta jornada existencialista, ao mesmo tempo tão arrebatadora e singela. Uma estreia das mais promissoras.


João Carlos Sampaio

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