01.04.2025

Eu sofro para começar. Porque a palavra sempre me faltou. E portanto também a escrita. Antes de começar, quero já me desculpar pela pretensão. Talvez não seja pretensão de fato. Porque o que quero fazer é apenas coletar registros, pequenos textos. Principalmente e prioritariamente, na tarefa de me descobrir. Quero ter registros que me faz bem (re)lembrar, e que se tornam (re)descobertas. Registros de vida, memórias, lembranças, retrabalhadas, reconfiguradas através dos tempos. Algo como sempre acreditei que faço com o meu cinema: me descobrir através do que eu penso e do que eu faço, para descobrir e chegar ao outro. Esses textos que optei por chamá-los de diário, talvez se transformem em pequenos ensaios, sem nenhuma pretensão de serem textos críticos, análises conceituadas. Talvez seja como um espaço atravessado de imagens, sons e textos que tomam conta da minha mente, através dos filmes que vejo, das músicas que ouço, dos livros que leio, das pessoas que passam por mim, dos lugares que passei. E essas pessoas que passam por mim, também terão registros com textos críticos, entrevistas, ensaios, artigos, que farão desses cadernos, algo além de um mero diário pessoal, mas um caderno que recorde nosso tempo: o meu, o dos que escrevem e de vocês que por ventura querem ler e acompanhar, caso haja interesse. Talvez se transforme com o tempo de sua estadia e das coletâneas dos escritos, imagens, músicas, um museu pessoal que me faça mais compreender o meu lugar no mundo, e o que seja o mundo para mim. Há nestes cadernos, o trabalho da Lume Filmes, que é o meu trabalho de vida. Filmes produzidos, distribuidos, exibidos nas nossas salas de cinema, escolas criadas, festivais e mostras realizadas, revistas e sites, espaços culturais, livros publicados.

• Todos os textos deste espaço da Lume Scope foram escritos exclusivamente para a revista. Entretanto os direitos dos textos pertencem aos autores que escreveram os textos, podendo alguns deles, terem sido publicados posteriormente em outros sites e revistas.